A saída foi pouco depois das 6, tal como combinado.
Tudo a postos, e lá começa a peregrinação na fase de juntar os peregrinos, 3 saindo da Maia, e os outros 2 sendo colecionados pelo caminho.
De manhã cedo a temperatura era boa, pouco transito, pouco vento o que nos fez chegar rapidamente a Esposende para nos juntarmos com o Filipe.
Sem ponto de encontro especifico definido, correu muito bem, fomos andando e quando tirei o telemóvel para lhe ligar, ele apareceu, nem foi preciso gastar a chamada.
Continuamos até Viana, para nos juntarmos ao ultimo elemento.
Episódio igual, atravessamos a ponte, encostamos, tiro o telemóvel e ... aí que aparece o Ricardo, mesmo antes de a chamada sair.
Rapidamente retomamos o caminho, o vento começou a aumentar, e na parte de Viana até Caminha apareceu algum desnível, mas ainda assim achamos que conseguíamos chegar a Caminha antes das 10h, tempo a que saía o primeiro ferry!
Tentamos acelerar um pouco e deu frutos, chegamos a 1 minuto do barco partir. Estava tudo a correr bem.
Nesta altura já levava 83km's nas pernas, e até aqui em bom ritmo, a verdade é que me sentia bem. Bem disposto, atento, confortável e com força nas pernas que parecia não acabar.
A travessia é rápida e muito bonita ! Aproveitamos a pausa para casa de banho e abastecimento.
Já do outro lado, carimbamos os passaportes do peregrino, compramos água, e continuamos pelo "Caminho Português da Costa".
Apesar do termómetro indicar já temperaturas bastante altas, a verdade é que o facto de irmos a rolar sempre perto do mar, trazia uma brisa fresca. Isso a juntar ao facto de a estrada de A Guarda -> Baiona -> Vigo ter bastante sombra estava a proporcionar condições ideais !
Além disso continuava-me a sentir muito bem, a manter o plano de beber e comer regularmente, e não parecia estar a acusar o desgaste.
Já tinha passado o meu anterior máximo de distância, e sentia-me como que acabado de sair de casa.
A chegada a Vigo veio mudar um pouco as coisas, estava um calor infernal, e a brisa já não se fazia sentir, pouca sombra, e uma cidade confusa de atravessar.
Acabamos por passar algum tempo dentro de um supermercado, porque tinha AC e estava fresquinho, e só conseguia pensar em comer uma sandes de presunto !! ( Acabou por ir mais uma mini-pizza, um pão com chouriço, um prato de massa ... )
O grupo tinha-se separado devido a um furo do Bruno, e acabamos por nos desencontrar, visto que não conhecíamos bem a cidade, o ponto de encontro seria a zona marginal, que esperávamos fosse fácil de encontrar.
No meio de acontecimentos surrealistas e inexplicáveis, o Bruno tornou a furar, desta feita rebentando a câmara de ar nova... tentamos o remendo na anteriormente furada e ... a válvula parte a encher ... aparentemente o pneu estava cheio.
Uns minutos depois, pneu vazio do Pedro, nova pausa para dar à bomba, e 15 minutos depois, a válvula partida do Bruno dá de si, e nova paragem.
Com isto foi-se a última câmara de ar e a cola...
Nova paragem para reparações, e aproveitar para abastecer.
É de referir que há algum efeito estranho que faz com que o Bruno tenha 5 ou 6 furos sempre que vamos andar de bicicleta, ele diz que é só comigo que acontece, eu não posso confirmar, porque motivos óbvios ... Quando não vou, não sei o que se passa !
No meio destes acontecimentos, acabamos por demorar quase 4 horas para atravessar Vigo.
Apesar de não ser muito mau, visto que estávamos na pior hora de calor, e estava infernal, a coisa começava-se a complicar se queríamos chegar ainda com a luz do dia.
De novo a caminho, prosseguimos viagem pela estrada N-550, onde o Caminho da Costa, se junta com o Caminho Central, aqui acabou-se a brisa marítima, e o calor começou a fazer-se notar, o desgaste era maior, as garrafas de água esvaziavam-se mais depressa, a estrada não era plana.
Mais paragem menos paragem, conseguimos chegar a Pontevedra.
Faltava pouco mais de 60kms !!! Entravamos na fase final.
Apesar de já estarmos perto do fim da tarde, o termometro marcava 41 graus à sombra...
Uma fonte "mágica" serviu de brincadeira, refresco e entretenimento.
À saída de Pontevedra, o caminho contava com as subidas mais complicadas, duas delas podem ser consideradas subidas de montanha de 4ª categoria, no entanto eu continuava-me a sentir bem e cheio de força, pelo que me separei um pouco do grupo e tomei a dianteira.
Em Pontevedra, comuniquei com a MQT que já se encontrava em Santiago à espera, portanto também queria chegar o mais rápido possível, pois anoitecia rápido, e sem luzes e com a descida rápida da temperatura, queria MESMO chegar.
Numa subida mais íngreme comecei a abrandar, e sem mudanças curtas à moda das bicicletas de montanha, restava ou aguentar em esforço, ou em alternativa acelerar. Não sabia como iria reagir com o acumular dos km's, mas aqui vai disto, tiro o rabo do selim e sinto-me bem, aliás, melhor do que sentado que a mudança de posição obrigava a usar outros músculos que estavam mais frescos.
A partir daí foi sempre a puxar, os 60km de Pontevedra a Santiago, foram sempre a puxar, apenas uma paragem breve numa área de serviço para abastecer de líquidos, comer tudo o que sobrava na camisola, e dar o litro até final.
Aqui a estrada subia, subia, subia, subia ... apareceram uns viadutos que subiam, subiam subia, intercalados com umas pequenas descidas para nova subida.
Foi praticamente sempre a subir até ao final... A noite chegou estava ainda a 10km de Santiago, e com isto senti algum frio, e preocupação, pois a estrada não era amiga de ciclistas não iluminados.
Liguei o pequeno led traseiro, e continuei a subir.
Avistada a placa de Santiago !!!! Tinha chegado à cidade, mas ainda faltava encontrar a Catedral...
Como não podia deixar de ser, era a SUBIR até lá !
Seguir indicações para o centro da cidade, cuidado mais que extra nas rotundas, perguntar algumas vezes e ....
CHEGUEI !!!!
Concluídos o trajecto Maia-Santiago em um dia, e que dia ...
Pouco depois chegaram mais dois companheiros, que tinham tido também um furo, e alguns minutos depois tornava-se a reunir o grupo.
Grupo que entretanto ganhou mais elemento com um senhor polaco que apanharam pelo caminho.
Apesar de uns pequenos percalços com furos, mas facilmente resolvidos, tudo correu de acordo com o plano. Chegamos mais tarde que o previsto, mas a pausa na hora de calor intenso foi maior, quer por força dos já mencionados furos, quer porque estava MESMO calor !!
Em resumo, um passeio PERFEITO !
Muito Bem Campeões! venha o próximo!
ResponderEliminarNão sei bem Paula mas até tenho medo!!!
Estou orgulhoso deste grupo. :)
ResponderEliminarMesmo com pouca ou quase nenhuma preparação conseguimos superar o desafio.
Quanto aos furos eu devo ter um imam que atrai pregos, agrafos e ferros na estrada. :P
O que importa é que conseguimos chegar ao destino. uhuhuh
É preparar a próxima. :)
Fátima, Senhora da Graça ou Serra da Estrela?
Que dizem malta?
Sim, a preparação poderia ter sido melhor, mas em qualquer desafio achamos sempre que podíamos ter feito algo mais na preparação, e é bom sinal não estarmos satisfeitos, incentiva a procurar melhorar.
ResponderEliminarFoi pena não termos conseguido chegar de dia como o planeado, pois a recepção certamente teria sido diferente, mas fomos ao ritmo possível para a preparação feita.
Para o ritmo a preparação foi mais que suficiente, prova disso é que chegamos todos em condições e sem mazelas nem empenos nos dias seguintes.
Dizer que um Ultra-Trailer, um Maratonista, um finisher das 24h de Lordelo, um atleta medalhado em campeonatos mundiais, e alguém atravessa a Serra D'arga todos os fins de semana têm pouca ou quase nenhuma preparação, é uma frase no mínimo suspeita.
Se este grupo não tem, então quem terá ?
A próxima é Lourdes !
Bem Sérgio... eu sugeri Lourdes (meio a brincar) e parece que foi aceite!
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